sexta-feira, 8 de abril de 2011

desabafo

às vezes eu lamento por não ser da geração de vcs, sabe? tamanha oportunidade de terem informação de forma rápida, de poderem ter tudo sem muita dificuldade. quer ver um filme? baixa. quer ouvir o disco novo da sua banda preferida? baixa. quer ler um livro? baixa. quer conhecer um hq? baixa. quer fazer um trabalho foda pra faculdade? vcs não têm só dois livros em uma biblioteca, mas todo o universo literário de todos os tempos na rede, todo disponível. mas tenho me dado conta de que a geração de vcs sequer sabe aproveitar isso e pior: esta facilidade está criando uma geração superficial. quase retardada, mesmo.

fico lembrando de quando eu era adolescente que precisava implorar pros meus amigos gravarem uma k7 depois que eles compravam os discos (porque eles eram ricos, eu não!). e isso levava uns 6 meses depois do lançamento do disco. pra ter notícias de uma banda que eu amava, eu tinha que comprar jornais e ficar desesperada procurando algo lá dentro ou vasculhando capas de revistas especializadas que eu nunca poderia comprar. (só de raiva fiquei adulta e comprei algumas revistas antigas em sebos e sou uma pseudo-colecionadora da RS.) tem isso tb: a geração de vcs tem brechós e sebos espalhados aos quatro cantos. minha cidade tem dois sebos e há dois anos só. aí naquele papo de the doors, eu tenho duas camisetas do jim guardadas aqui e que eu não uso porque eu quero mantê-las.

eu pegava os encartes dos discos dos meus amigos emprestados e transcrevia pra um caderno, catava o meu dicionário de inglês minúsculo e ia traduzindo as letras. levava anos, sabe o que é isso? anos traduzindo as letras do doors, do nirvana, do pearl jam, dos beatles, dos rolling stones e todas as bandas que amei. ANOS! madrugadas e madrugadas sentada na grama com meus amigos mergulhando no mundo das músicas que eu esperava anos pra todo o processo. esperar lançar/pedir pros amigos gravarem/transcrever/traduzir. é impossível não ser romântico sendo da minha geração ou anterior a ela. a menos que vc não goste de arte. lembrando de tudo isso e de quanta sede eu tenho hoje em consumir o que um dia foi tão penoso e difícil de ter, eu digo a esta maioria da geração de vcs que fica tentando criar uma disputa de egos de quem é mais fã do quê: onde eles dizem chegar, pra mim, tem a profundidade de um relevo!

mas a intenção é abordar a reflexão, mesmo. o quanto eu queria ter sido uma pré-adolescente com acesso à internet, mas aí eu vejo os pré-adolescentes de hoje e penso: 'eles não são como eu seria porque eu não tive o que eles têm e saberia o que fazer se tivesse.'
então quando eu, supostamente, me relaciono com pessoas de gerações mais novas, com 20 anos pra menos, e em determinado momento noto um comportamento a respeito de fanatismo, etc. eu penso nisso. essa geração não mergulha lá no fundo do oceano porque ela não soube o quanto custava um peixe pra sentir a necessidade de dissecar cada sensação de pescá-lo, inclusive experimentar da água que ele sempre viveu. essa geração fica na superfície porque é mais cômodo. mas não sabe que perde toda a diversão. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

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diálogo:

dentista: - vai querer com anestesia?
clarice: - depende...
dentista:- do que?
clarice:- se o senhor for restaurar a minha língua, quero anestesia
dentista: - [risos] é que quando você foi respirar o aparelho soltou
clarice diz:- ok, quero anestesia. não consigo parar de respirar
dentista: - tudo bem, anestesia.
clarice diz:- vai ficar inchado?
dentista: - não, não... mas fica dormente... então você vai sentir que parece estar inchado, mas não está.
clarice: - dói?
dentista: - um pouquinho...
clarice: - mais do que restaurar a minha língua?
dentista: - [risos] acho que preciso colocar aquele aparelho na sua boca antes que você me encurrale, né?
clarice:- COM ANESTESIA!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

...

clarice conta:
- pegamos o bus no centro e fomos pra estação (que é a primeira parada depois do centro)
-quando chega na estação o motorista fala pro cobrador: 'ih, véi, nóis vai ter que trocar de carro.'
- isso porque soltou uma peça de não sei o que lá, mas dava pra prosseguir
- mas o fiscal mandou trocar
- aí o cobrador: 'ah, cé tá brincando! cuméquié?????'
- motorista: 'é sério... alá o fiscal sinalizando.'
- cobrador: 'mas pur que esses infiliz não avisa antes? vou ter que fechar o caixa agora' bla bla bla
- reclamando horrores
- ok, trocamos de ônibus e o cobrador ultra tenso contando as moedas e pá
- aí o ônibus "novo" saiu desse ponto e quando estávamos numa avenida do lado do ponto, o cobrador:
- 'véi, meu cartão ficou no outro carro, véi. não acredito, véi. nossa, véi... nossa, véi... abre a porta aí pra mim'
- cobrador desce (o bus tava parado no meio da rua pq era um 'pare' ali), os carros saem da frente e o ônibus vai mais à frente e encosta
- e eu tava do ladinho do lugar do cobrador ali, paradinha, só 'biservando'
- minutos depois avistamos o cobrador correndo com a sua pochete na mão e balançando a cabeça
- senta no seu posto, vasculha tudo de novo e fala pro motorista que já está andando de novo:
- 'véi, meu cartão num tava lá não, véi... não tava lá, véi... cumé que eu vou liberá essa catraca agora, véi?'
- e aquele calor do cão, o cobrador suando pra caralho e tipo hiiiiiiiiiiper tenso
- muito nervoso, mesmo, saca? e, né? dou razão pra ele
- aí ele foi entrando em pânico pq tipo... tinha umas 15 pessoas que precisavam passar, o ônibus tava em movimento
- uma hora as pessoas iam querer descer
- e ele caçando em todos os bolsos possíveis e imagináveis
- uma hora ele apoiou os dois cotovelos na mesinha do caixinha lá
- e começou a gaguejar:
- "eu tou... eu tou... eu tou... eu tou... eu tou.... eu tou..."
- eu desesperei, cara.. e falei do nada, sem sacar
- "você tá puto?"
- "ISSO, MENINA, OBRIGADA, MOÇA! É ISSO QUE EU TOU... EU TOU MUITO PUTO... QUE MERDA DE EMPRESA... QUE CARALHO... EU VOU PEDIR DEMISSÃO DESSA PORRA... EU QUE ME FODO E NINGUÉM TÁ NEM AÍ... VAI TOMAR NO CU, SABE? VAI TOMAR BEM NO MEIO DO CU!"







          





(...)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

...

- aliás, me ajuda a escolher que curso eu faço
- Faz Biologia, e me usa nas aulas de anatomia, SUA LINDA.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

telefone toca:
- oi.
- eu gostaria de falar com a clarice bukowski pessoa.
- é ela.
- então é vc a pessoa mais importante... da rua, do bairro ou da cidade, hein?
- [sorriso amarelo].
- não sou eu quem falo, viu? são seus vizinhos. então, já que vc é uma pessoa que foi avaliada pela folha de são paulo como uma mulher de boa índole, e consta que vc usa o visa e mastercard...
- não, eu não uso nenhum cartão de crédito.
- mas consta no meu sistema.
- seu sistema está errado.
- a senhora tem cartão de crédito, mas não usa, é isso?
- não, eu não tenho.
- mas meu sistema não mente.
- mas eu não tenho.
- itaú, bradesco...?
- eu não tenho...
- meu sistema não mente...
- eu não tenho nenhum cartão de crédito!!!
- então tá, esquece.
[tu-tu-tu-tu]

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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- oi...
- clarice?
- sim... foi vc que veio aqui ontem?
- on... onte... ontem?
- exatamente!
- nããã...
- é que assim, estava escrito no site que o destinatário estava ausente e eu não estava ausente.
- ah, deve ser um en...
- não, não foi engano. eu estava esperando e sempre ouço vcs passarem. além do mais, já ouviu o murro que vc dá no meu portão toda vez que vem aqui?
- desculpa. é que ontem eu não ia ter tempo de entregar tudo... o trabalho nos correios é complicado...
- eu sei, eu leio bukowski. (HAHAHAHAHAHA, eu sou muito retardada!)
- hã?
- um cara que diz que os correios são filhosdaputa.
- O ______________________ O
- mas ok, sei que tá com pressa, mas sacanagem fazer isso. e se eu não tivesse aqui hoje? isso não se faz.
- desculpa. não vai mais acontecer. não mesmo.