às vezes eu lamento por não ser da geração de vcs, sabe? tamanha oportunidade de terem informação de forma rápida, de poderem ter tudo sem muita dificuldade. quer ver um filme? baixa. quer ouvir o disco novo da sua banda preferida? baixa. quer ler um livro? baixa. quer conhecer um hq? baixa. quer fazer um trabalho foda pra faculdade? vcs não têm só dois livros em uma biblioteca, mas todo o universo literário de todos os tempos na rede, todo disponível. mas tenho me dado conta de que a geração de vcs sequer sabe aproveitar isso e pior: esta facilidade está criando uma geração superficial. quase retardada, mesmo.
fico lembrando de quando eu era adolescente que precisava implorar pros meus amigos gravarem uma k7 depois que eles compravam os discos (porque eles eram ricos, eu não!). e isso levava uns 6 meses depois do lançamento do disco. pra ter notícias de uma banda que eu amava, eu tinha que comprar jornais e ficar desesperada procurando algo lá dentro ou vasculhando capas de revistas especializadas que eu nunca poderia comprar. (só de raiva fiquei adulta e comprei algumas revistas antigas em sebos e sou uma pseudo-colecionadora da RS.) tem isso tb: a geração de vcs tem brechós e sebos espalhados aos quatro cantos. minha cidade tem dois sebos e há dois anos só. aí naquele papo de the doors, eu tenho duas camisetas do jim guardadas aqui e que eu não uso porque eu quero mantê-las.
eu pegava os encartes dos discos dos meus amigos emprestados e transcrevia pra um caderno, catava o meu dicionário de inglês minúsculo e ia traduzindo as letras. levava anos, sabe o que é isso? anos traduzindo as letras do doors, do nirvana, do pearl jam, dos beatles, dos rolling stones e todas as bandas que amei. ANOS! madrugadas e madrugadas sentada na grama com meus amigos mergulhando no mundo das músicas que eu esperava anos pra todo o processo. esperar lançar/pedir pros amigos gravarem/transcrever/traduzir. é impossível não ser romântico sendo da minha geração ou anterior a ela. a menos que vc não goste de arte. lembrando de tudo isso e de quanta sede eu tenho hoje em consumir o que um dia foi tão penoso e difícil de ter, eu digo a esta maioria da geração de vcs que fica tentando criar uma disputa de egos de quem é mais fã do quê: onde eles dizem chegar, pra mim, tem a profundidade de um relevo!
mas a intenção é abordar a reflexão, mesmo. o quanto eu queria ter sido uma pré-adolescente com acesso à internet, mas aí eu vejo os pré-adolescentes de hoje e penso: 'eles não são como eu seria porque eu não tive o que eles têm e saberia o que fazer se tivesse.'
então quando eu, supostamente, me relaciono com pessoas de gerações mais novas, com 20 anos pra menos, e em determinado momento noto um comportamento a respeito de fanatismo, etc. eu penso nisso. essa geração não mergulha lá no fundo do oceano porque ela não soube o quanto custava um peixe pra sentir a necessidade de dissecar cada sensação de pescá-lo, inclusive experimentar da água que ele sempre viveu. essa geração fica na superfície porque é mais cômodo. mas não sabe que perde toda a diversão.
fico lembrando de quando eu era adolescente que precisava implorar pros meus amigos gravarem uma k7 depois que eles compravam os discos (porque eles eram ricos, eu não!). e isso levava uns 6 meses depois do lançamento do disco. pra ter notícias de uma banda que eu amava, eu tinha que comprar jornais e ficar desesperada procurando algo lá dentro ou vasculhando capas de revistas especializadas que eu nunca poderia comprar. (só de raiva fiquei adulta e comprei algumas revistas antigas em sebos e sou uma pseudo-colecionadora da RS.) tem isso tb: a geração de vcs tem brechós e sebos espalhados aos quatro cantos. minha cidade tem dois sebos e há dois anos só. aí naquele papo de the doors, eu tenho duas camisetas do jim guardadas aqui e que eu não uso porque eu quero mantê-las.
eu pegava os encartes dos discos dos meus amigos emprestados e transcrevia pra um caderno, catava o meu dicionário de inglês minúsculo e ia traduzindo as letras. levava anos, sabe o que é isso? anos traduzindo as letras do doors, do nirvana, do pearl jam, dos beatles, dos rolling stones e todas as bandas que amei. ANOS! madrugadas e madrugadas sentada na grama com meus amigos mergulhando no mundo das músicas que eu esperava anos pra todo o processo. esperar lançar/pedir pros amigos gravarem/transcrever/traduzir. é impossível não ser romântico sendo da minha geração ou anterior a ela. a menos que vc não goste de arte. lembrando de tudo isso e de quanta sede eu tenho hoje em consumir o que um dia foi tão penoso e difícil de ter, eu digo a esta maioria da geração de vcs que fica tentando criar uma disputa de egos de quem é mais fã do quê: onde eles dizem chegar, pra mim, tem a profundidade de um relevo!
mas a intenção é abordar a reflexão, mesmo. o quanto eu queria ter sido uma pré-adolescente com acesso à internet, mas aí eu vejo os pré-adolescentes de hoje e penso: 'eles não são como eu seria porque eu não tive o que eles têm e saberia o que fazer se tivesse.'
então quando eu, supostamente, me relaciono com pessoas de gerações mais novas, com 20 anos pra menos, e em determinado momento noto um comportamento a respeito de fanatismo, etc. eu penso nisso. essa geração não mergulha lá no fundo do oceano porque ela não soube o quanto custava um peixe pra sentir a necessidade de dissecar cada sensação de pescá-lo, inclusive experimentar da água que ele sempre viveu. essa geração fica na superfície porque é mais cômodo. mas não sabe que perde toda a diversão.